Tecnologia aplicada ao jurídico poupa em dois terços o tempo do jurista que anteriormente era dispendido em tarefas braçais repetitivas e maçantes

Escritórios de direito que descobriram nas novas tecnologias um aliado já adotam dezenas de robôs com funções distintas e, na maioria das vezes, complementares. Em alguns casos, os advogados, ao se verem livres de atividades repetitivas, passaram a usufruir de até dois terços a mais de tempo para se concentrar em tarefas que exigem maior uso do raciocínio.

Focado no público formado por empresários, executivos e profissionais da área do Direito e Tecnologia, entre outros, a InteliJur, empresa de informação e pesquisa focada no mercado jurídico, realiza no dia 25 de abril, no Maksoud Plaza Hotel, a “Legal Tech Forum 2019”. “Controladoria Jurídica e Novas Tecnologias – Gestão de Informações e Certificados Digitais”, com Andressa Barros, Sócia da Siqueira Castro Advogados; “Revolucionando a Relação do Jurídico com Terceiros”, com participação de Jouber Ferreira, diretor do ProJuris; e “PARKER – IA Aplicada ao Jurídico”, com Arthur Hamann Pereira, Gerente de Documentação e Treinamento da Fácil, são alguns dos painéis do evento.

Hoje já convivem nos escritórios aplicações inovadoras, como robôs que realizam conferência dos atos processuais realizáveis para evitar deslocamento desnecessário de equipes para audiências, plataformas de gestão de contratação de correspondentes por proximidade de área de atuação, gestor de certificados digitais, leitor de intimações eletrônicas, robôs de alimentação de sistemas de clientes, ferramenta de raspagem de dados dos processos judiciais para cadastro assertivo dos processos e prazos de audiências etc.

“Em nosso escritório, utilizamos 37 robôs [diferentes] na área de Controladoria e Novas Tecnologias”, explica Andressa. “Aplicamos a automação na alimentação de sistemas de clientes que tomavam dois terços do tempo de nossos advogados, permitindo que nossas equipes foquem na qualidade das peças e validação das informações que vão para os clientes.” A automação de tarefas que antes não eram possíveis, pois exigiam árvores de decisões enormes e complexas, é um dos principais benefícios do advento da Inteligência Artificial, segundo Pereira, ao refutar que inovações tecnológicas representem uma ameaça aos juristas.

“Perguntar sobre as ameaças que a Inteligência Artificial representa ao jurista é como perguntar sobre as ameaças que o advento da internet representou”, compara Pereira. “A Inteligência Artificial não deve ser encarada como uma inimiga, mas sim como uma ferramenta que permite novos modelos de negócio e trabalho.” O relacionamento do Jurídico com Terceiros foi também impactado pela presença dos avanços da tecnologia.

“Controlar escritórios terceirizados dá muito trabalho para o jurídico. Sem um bom software fica muito difícil consolidar os dados de cada escritório e gerar o relatório de provisionamento, desempenho do departamento jurídico e controlar contratos com cada escritório”, aponta Ferreira. “Centralizar esse controle no ProJuris permite ter todas as informações jurídicas atualizadas e disponíveis em tempo real.”

“O mercado jurídico ainda apresenta certa resistência e precisa se reinventar”, conclui Andressa. “Estamos atrasados, em relação a outros centros, mas já caminhamos bastante nos últimos anos; precisamos de mais pessoas envolvidas no tema para encontrarmos soluções que impactem o maior número de pessoas possível.”